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Plano de Transição
Climática

Sistematizando nossa ação sobre o clima

O Plano de Transição Climática considera a meta de emissões líquidas zero nas instalações próprias (Escopos 1 e 2) e na cadeia de valor (Escopo 3)

GRI 201-2, 3-3

Apoiados no pensamento regenerativo, em 2024 criamos nosso Plano de Transição Climática, composto dos seguintes pilares:

  • Construir resiliência; mitigar riscos climáticos por meio de soluções regenerativas.
  • Descarbonização do negócio a partir de metas baseadas na ciência, alinhadas ao cenário de 1,5 °C (Acordo de Paris).
  • Transição justa e equitativa, regeneração ampla da sociedade e da natureza.

Com o Plano, apresentamos o caminho e as metas que construímos para atingir o Net Zero, guiados pela iniciativa de Metas Baseadas na Ciência (SBTi, na sigla em inglês). Em essência, isso significa ir além dos mecanismos clássicos de compensação de impactos e neutralização, como a aquisição de créditos de carbono, para chegar à redução real das emissões totais de gases de efeito estufa em nossas operações – tanto as diretas, geradas pela empresa, como as indiretas, geradas na cadeia de valor (leia mais no capítulo Descarbonização do Negócio).

O Plano de Transição Climática considera a meta de emissões líquidas zero nas instalações próprias (Escopos 1 e 2) até 2030, e na cadeia de valor (Escopo 3) até 2050, tendo como objetivo intermediário uma redução de 42% no segundo caso até 2030, conforme estabelecido no Compromisso com a Vida.

É importante destacar que, até atingirmos as metas, seguiremos comprando créditos de carbono de alta integridade em quantidade equivalente às emissões remanescentes que ainda não foram reduzidas. A escolha dos projetos para os quais adquirimos créditos se dá com foco em gerar benefícios para a sociedade, aumentar a renda das comunidades envolvidas e viabilizar novas tecnologias de baixo carbono e soluções baseadas na natureza que aceleram a transição da economia global para o Net Zero. Temos o compromisso de, até 2030, ter 50% dos créditos com origem nas comunidades com que temos parceria na região amazônica (leia mais sobre o Programa Amazônia Natura, a partir da página 107).

Mercado de carbono no Brasil

O governo brasileiro sancionou, em 2024, a lei que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE).

Desde o início das discussões de criação de um mercado de carbono regulado no Brasil, a Natura defendeu a repartição justa dos créditos de carbono com as comunidades locais e a inclusão de salvaguardas socioambientais nos mecanismos de mercado, a fim de garantir a integridade ambiental e a equidade na participação das partes interessadas na mitigação das mudanças climáticas. Para a empresa, a regulamentação do mercado pode impulsionar receitas bilionárias e gerar milhões de empregos, melhorando a qualidade de vida da população, além de posicionar o país como um agente global na luta contra a crise climática.

Participamos de alianças para potencializar caminhos para que a sociedade alcance o Net Zero até 2050. Por meio da presença em organizações como ICC, WBCSD, VCMI, Pacto Global - Ambição Net Zero, Iniciativa Brasileira para o Mercado Voluntário de Carbono, CEBDS e Compromisso com o Clima e Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, buscamos amplificar nossos posicionamentos em fóruns globais e na articulação de políticas públicas e regulamentações.

Nosso plano de descarbonização

GRI 3-3

Criamos seis frentes de trabalho de descarbonização do negócio: Operações, Fórmulas, Embalagens, Logística, Revistas e materiais de apoio e Produtos não cosméticos. Juntas, elas representam 75% do nosso inventário total na América Latina e 100% do escopo das metas SBTi. Elas são voltadas tanto para ações internas como para o engajamento de fornecedores e da cadeia de valor, em um pensamento sistêmico e holístico, que se baseia na regeneração para abater e remover as emissões de carbono.

  1. Operações: focada em ações em nossas fábricas, centros de distribuição e veículos (leia mais na pág. 159), implementando iniciativas de maior eficiência, redução de consumo de energia e eliminação de combustíveis fósseis.
  2. Fórmulas: investimos em Pesquisa e Desenvolvimento para substituir ingredientes de origem mineral por vegetal e adotamos práticas regenerativas de baixo carbono ao longo de toda a cadeia de valor.
  3. Embalagens: buscamos disponibilizar refis, incorporar materiais reciclados e de fonte renovável, utilizar plástico verde e reduzir a geração de resíduos.
  4. Logística: o foco está em ampliar o uso de combustíveis renováveis e menos poluentes, além de melhorar a eficiência da malha logística.
  5. Revistas e materiais de apoio: otimizamos o portfólio, design e formato das publicações, com redução na tiragem e no peso médio das revistas, além de buscar soluções tecnológicas para que, futuramente, com a melhora da usabilidade dos materiais digitais, possamos eliminar a peça impressa.
  6. Produtos não cosméticos: como os da linha Crer para Ver, da Natura, e da categoria Casa & Estilo, da Avon, atuamos para reduzir a geração de resíduos, aumentar a incorporação de plástico reciclado pós-consumo e de plástico verde, bem como ampliar a reciclabilidade dos itens e a rastreabilidade das cadeias de fornecimento.

Em relação às nossas emissões de Escopo 3, destacamos a criação da Aliança Regenerativa (leia mais no capítulo Desenvolvimento de na pág. 147), um movimento de união entre a Natura e cerca de 100 parceiros estratégicos cuja contribuição é decisiva para cumprirmos nosso plano sobre o clima.

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Justiça climática

GRI 3-3

A justiça climática pauta os impactos desproporcionais das mudanças climáticas sobre diferentes grupos sociais, sendo uma ferramenta de proteção do meio ambiente e de todos os modos de vida, territórios e populações.

As mudanças climáticas são resultado de um conjunto de desigualdades socioambientais, portanto o enfrentamento às injustiças ambientais precisa ser priorizado com visão interseccional das questões de gênero, raça e classe.

Falar de justiça climática é reconhecer os impactos desproporcionais em comunidades tradicionais, periféricas e negras. Dessa forma, a lente do racismo ambiental é crucial para essa discussão. A partir desse contexto, desenvolvemos uma estratégia de justiça climática e racismo ambiental baseada em três eixos:

  1. Mitigação e adaptação
    Desenvolvemos o Índice de Vulnerabilidade Socioclimática, para construir protocolos e planos de prevenção, remediação e adaptação. Por meio dele, mapeamos os territórios com riscos climáticos para identificar as vulnerabilidades e prever as ameaças que podem acometer nossa rede de relações.
  2. Resiliência
    Para mitigar os impactos e riscos que afetem diretamente a renda, temos trabalhado na redução da vulnerabilidade social da rede. Além disso, em 2020, estruturamos um protocolo de apoio para casos de calamidades, voltado ao bem-estar de Consultoras de Beleza, pessoas colaboradoras, fornecedores e da sociedade civil. Temos evoluído nele para poder atuar preventivamente, antecipando situações de desastre.
  3. Educação e cidadania
    Nosso foco de ação está em realizar treinamentos e comunicações sobre o tema de mudanças climáticas e justiça climática para que nossa rede de relações conheça tais tópicos e possa servir como agente de mudança e apoio em suas comunidades.

O Protocolo de Calamidade já foi acionado mais de 20 vezes desde sua criação
em 2020.

Comitê de Calamidade

GRI 203-1

O Protocolo de Calamidade estruturado como um guia para a rápida ação diante de situações de crises já foi acionado mais de 20 vezes desde sua criação em 2020. Durante o ano, atuou no Brasil, nas regiões que sofreram com enchentes, no Rio Grande do Sul, e nos estados que padeceram a seca recorde no segundo semestre. Ao todo, foram investidos mais de R$ 226 milhões para prestar apoio às comunidades desses locais.

No caso do Rio Grande do Sul, onde nos relacionamos com mais de 80 mil pessoas, entre Consultoras de Beleza e pessoas colaboradoras, oferecemos suporte social, médico e psicológico, por meio de telemedicina e de uma Central de Apoio Social, além de auxílio financeiro para pagamentos de dívidas e fornecedores locais. Incentivamos o voluntariado entre as pessoas colaboradoras, com o qual doamos cinco toneladas de agasalhos e R$ 10 milhões em produtos de higiene pessoal à Defesa Civil e ao Unicef, além de água e apoio logístico. Além disso, criamos uma campanha de arrecadação combinada (matchfunding) na qual cada real enviado foi dobrado pela Natura. Com a ação foram doados R$ 900 mil para apoiar as pessoas afetadas.

Entre as ações para enfrentar os efeitos das secas nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, oferecemos apoio financeiro, com o adiamento de prazos para pagamentos de dívidas, e enviamos mantimentos e água. Para contribuir no combate à seca dos rios da Amazônia, em áreas de atuação de comunidades de relacionamento da Natura, criamos uma ação com os perfumes Ekos Ryos: a cada unidade vendida, doamos R$ 5 para iniciativas de combate aos efeitos da seca. Assim, foram arrecadados R$ 180 mil, que se tornaram R$ 360 mil em recursos repassados para atendimento à emergência, incluindo a contrapartida da Natura.