”Há um contato constante e íntimo entre as coisas que coexistem e coevoluem no universo – um compartilhamento de laços e mensagens que transforma a realidade em uma estupenda rede de interação e comunicação.”
Guilherme Leal, Luiz Seabra e Pedro Passos
Diante da estarrecedora constatação de que países e muitas organizações abrem mão de suas responsabilidades em relação ao meio ambiente, à causa planetária, assim como de inadiáveis atendimentos às causas sociais, coincidindo com o agravamento dramático dessas crises em todo o mundo, parece-nos oportuno iniciar esta mensagem evocando o pensamento de Erwin Lazlo. E propondo maior diálogo, troca de experiências e união, entre empresas, sociedade civil e governos, que não se alienem da imperiosa necessidade de promover ações integradas e vigorosas para tentar reverter o quadro extremamente ameaçador em que nos encontramos.
Sentimos que o mundo vive uma transição derivada de inúmeras crises, ainda não totalmente superadas, que instauram um ambiente nebuloso, cheio de incertezas, no qual a própria democracia se vê ameaçada. Questionamentos impensáveis até há pouco tempo e nos estados democráticos de direito, como soberania territorial, têm surgido internacionalmente. A pandemia, as guerras na Ucrânia e em Gaza, coincidindo com a revolução digital e suas consequências, as polarizações dividindo sociedades e até famílias, implicam até aqui em um quadro caótico, que apela por um reordenamento, por regeneração.
”Evoluir nosso pensamento e nossa consciência é uma condição prévia para criar um mundo melhor, e dialogar sobre as questões que nos confrontam é fundamental para essa evolução. Que a conversa comece.”
E regeneração, abordando a razão desta nossa mensagem, é o que temos buscado viver e implementar em toda a amplitude em nossa empresa.
Mantivemos o foco em incluir para transcender, em dialogar para convergir e, principalmente, em renovar e reafirmar nosso compromisso com a vida, através da regeneração do nosso negócio e das relações humanas que estabelecemos todos os dias.
Nossa transformação em um negócio regenerativo parte da consciência de que humanidade e natureza se nutrem mutuamente e são parte de um mesmo sistema. Quando as relações dentro dele estão saudáveis, a vida se torna forte e abundante, capaz de enfrentar e superar as mais diversas adversidades.
É fundamental restaurar os ecossistemas e resgatar o diálogo, o respeito e a empatia entre as pessoas e os povos. O mundo empresarial não está apartado dessa lógica, pois a verdadeira riqueza é alcançada com equilíbrio: a abundância de uns às custas da escassez de outros gera infelicidade e instabilidade.
Ingressamos em 2024 com condições financeiras robustas, fruto da simplificação e consolidação de nossos negócios, ciclo que se encerrará em 2025 com o equacionamento da operação da Avon International. As dificuldades com as aquisições da Avon e da The Body Shop não foram poucas, e exigiram que retomássemos nossas áreas de maior competência com afinco e disciplina estratégica. Os resultados já começaram a aparecer notadamente com o crescimento da marca Natura e a melhora do desempenho da Avon na América Latina.
Estamos atentos à demanda de nossos acionistas por resultados finaceiros depois desses cinco anos difíceis da história da Natura. Não abriremos mão de persegui-los com a mesma ênfase com que buscamos a cada dia aperfeiçoar nosso compromisso ético com as gerações futuras. Essa é a característica que une a Natura do futuro, do presente e do passado.
Mesmo diante de sinais de que o planeta se desestabiliza com o rompimento de limites climáticos, sociais e diplomáticos, acreditamos estar diante de uma grande oportunidade. A de que, as próximas gerações olhem para esta época e possam reconhecer que foi a partir deste momento que a humanidade decidiu, por escolha e não por acaso, cuidar de si e do planeta. E que elas possam perceber em nossa história a bússola para a cura que o mundo precisa alcançar, através de negócios que inspiraram e abriram caminhos para um mundo melhor.
